Resumo: Artigo 36312
Análise do Discurso: Enfocando os estudos sobre a Ciência e a Tecnologia na Educação (70, 74, 76, 78)
Suzani Cassiani de Souza, Depto. Metodologia Ensino - CED - UFSC, BrazilIrlan von Linsingen, Depto de Engenharia Mecânica - Centro Tecnológico - UFSC, BrazilPatrícia Montanari Giraldi, Programa de Pós-Graduação em Educação Científica e Tecnológica - PPGECT/UFSC, Brazil.
Apresentação: Friday, May 30, 2008 1:15PM - 3:15PM sala 205 - UNIRIO VII ESOCITE - Sessão 13 - Chair: Ismael Ledesma
Abstract.
As questões de linguagem tem nos levado a procurar caminhos (de pesquisa e de ensino), que permitam um olhar mais crítico sobre a mesma, buscando refletir acerca das condições de produção e filiações de sentidos e das formações ideológicas e imaginárias que a perpassam. Visamos estabelecer relações menos ingênuas e naturalizadas sobre o funcionamento da linguagem, enfocando a forma como são produzidos sentidos pelos sujeitos envolvidos nesses diferentes espaços de circulação de saberes, em diferentes espaços de escolarização ou num contexto social mais amplo. Neste artigo, fazemos uma reflexão sobre as atividades desenvolvidas no âmbito de uma disciplina de pós-graduação em Educação Científica e Tecnológica, destinada a professores e profissionais das ciências e das áreas tecnológicas. Privilegiamos o aprofundamento de questões de funcionamento dos discursos no ensino de ciências e tecnologia face aos entendimentos públicos das relações entre ciência, tecnologia e sociedade (CTS). Além do aporte teórico da Análise de Discurso francesa (AD), as discussões são permeadas por reflexões epistemológicas, em particular aquelas vinculadas à epistemologia da ciência e da tecnologia e aos estudos CTS. Nessas discussões, os discursos veiculados referentes à ciência e tecnologia, são percebidos como locais de construção e circulação de sentidos, considerados também no âmbito do ensino das ciências e tecnologia, buscando compreender os papéis do professor e da escola. Abordamos os desdobramentos advindos desses campos de conhecimento, tais como: a função social da escola, pensamento e linguagem, consenso e conflito, continuidades e rupturas, reprodução e resistência, ensino e aprendizagem, controle externo/interno da tecnociência. Os referenciais são trabalhados na perspectiva de que a linguagem permeia toda e qualquer forma de conhecer. Seja ela escrita, oral, gestual ou imagética, está presente e tece nossa forma de interação com o mundo. Adotamos a idéia de que nos constituímos como sujeitos integrantes de determinado contexto histórico-social por meio da linguagem. Não percebemos, no cotidiano, como a linguagem atua favorecendo nossas interpretações e explicações sobre o mundo que nos cerca, usualmente tratando-a de forma naturalizada e entendendo-a como transparente e a-histórica. Rompendo com a idéia de que a linguagem não é apenas um instrumento de comunicação, olhamos para as diferentes instâncias onde discursos sobre C&T são produzidos como objetos simbólicos. Refletimos sobre tais instâncias inseridas em contextos histórico-sociais envolvidos por determinadas condições de produção de sentidos que, por sua vez, influenciam o modo como estes são produzidos. Enfatizamos as histórias de leituras dos estudantes. Como suas formações discursivas são muito diversas (ciências naturais, tecnológica, lingüística, jornalismo, entre outras), trazem consigo diferentes entendimentos sobre ciência e tecnologia. Para a AD, a consideração das histórias de leituras é fundamental em processos que envolvem, particularmente, ensino e aprendizagem. Por se tratar de um contexto acadêmico com objetivos a serem alcançados, a consideração das histórias de leituras favorece a emersão de sentidos sobre a escola, o papel de professores e de alunos, as contradições e controvérsias a respeito desses temas. Esse processo permite dar voz ao estudante e provocar a manifestação de certas posturas de seu imaginário, favorecendo o aprofundamento de questões fundamentais na formação desses profissionais. Os momentos de discussão empreendidos de forma crítica a partir dos referenciais adotados, configuram-se como momentos singulares de reflexão sobre a própria prática profissional e sobre os discursos que a constituem. Num tal cenário é que entendemos ser relevante o estudo da linguagem na educação científica e tecnológica, como forma de favorecer sentidos outros, para a ciência e tecnologia, na educação formal e no contexto social mais amplo.