Resumo: Artigo 35845
Conexões entre corpo e linguagem no mundo contemporâneo (10, 40, 45, 46, 59, 80)
Ana Monteiro, Universidade Estacio de Sá, Brazil.
Apresentação: Friday, May 30, 2008 1:15PM - 3:15PM sala 204 - UNIRIO VII ESOCITE - Sessão 16 - Chair: Olga Restrepo Forero
Abstract.
A proposta de nosso trabalho, é pensar como, a partir de uma relação entre corpo e linguagem, se produz uma subjetividade contemporânea. Mesmo que haja uma certa inclusão do corpo na filosofia, este já se encontra desmaterializado. Alguns autores contemporâneos propõem pensar o corpo como sendo a construção da matéria a partir a leitura do código genético. Nesta proposta, o DNA é a informação que gera a matéria orgânica. Mas, tal metáfora tem implicações importantes, pois, se o corpo pode ser pensado como informação, isto não significa que estamos falando efetivamente do corpo. A redução do corpo ao seu arsenal genético sugere uma purificação na qual o corpo se torna inteligível apenas na medida em que é codificável e codificado. Segundo Paula Sibilia, esta proposta gera uma espécie de transcendência que, ao invés de apontar para a imanência das relações corporais, aponta para uma espécie de metafísica do corpo o corpo se constitui como tal a partir de um incorpóreo que o define, neste caso, a informação. Sob tal perspectiva, o corpo não é pensado como mistura, como conexão. A constituição física do corpo já está preestabelecida geneticamente. O que pretendemos pensar é uma conexão entre corpo e linguagem que não se reduza a proposta trazida acima. Não se trata de negar a importância do código genético e das possíveis modificações corporais geradas por alterações neste nível mas, de pensar o corpo como algo que se constitui, desde sempre, por suas misturas e conexões. O que dizer então da proposta apresentada por Michel Serres, de pensar o homem como Incandescente? O que significa pensar o homem como uma Narrativa dentre as outras? Pretendemos pensar, portanto, qual o sentido que o autor produz sobre narrativa e como tal sentido pode nos trazer uma nova proposta de pensar o sujeito contemporâneo como constituído a partir de suas relações. Seja de suas relações com o que Michel Serres denomina de a Grande Narrativa, seja buscando pensar o corpo como constituído a partir de suas conexões como o autor nos apresenta em seu livro Os Cinco Sentidos. Na proposta apresentada acima, o corpo, menos do que se caracterizar por sua constituição genética, se caracteriza pela própria maleabilidade, que o autor denomina de brancura. É pelas infinitas potencialidades do corpo que vislumbramos as infinitas possibilidades do próprio sujeito. Apesar de todas as estratégias de domesticação dos corpos, é pela multiplicidade que o corpo escapa de tais estratégias, produzindo singularidades que vão além das reduções de cunho determinista. O corpo, mais do que uma estrutura determinada biologicamente, só se torna um corpo na medida em que produz conexões. Em biologia, a multiplicidade humana possui um nome: a neotenia, ou seja, a não totalização do desenvolvimento biológico. Esta proposta nos diz que, o que é próprio do homem é justamente sua imaturidade biológica. Enquanto os outros animais desenvolvem suas potencialidades completamente, o homem se apresenta como o animal que têm múltiplas potencialidades por não desenvolver nenhuma potencialidade específica. Esta proposta nos interessa porque aponta para a importância das relações para a constituição do corpo e, consequentemente, do sujeito. E, de acordo com Michel Serres, sem um contato direto com o mundo, não nos tornamos nem um corpo, e, nem mesmo um sujeito.