Resumo: Artigo 36347
Activist-driven innovation: a interação comunidade-mercado na produção do software livre (5, 92, 94, 98 100)
Pablo Ortellado, Maria Carlotto, Universidade de São Paulo, Brazil.
Apresentação: Thursday, May 29, 2008 3:45PM - 5:45PM sala 210 - UNIRIO VII ESOCITE - Sessão 12 - Chair: Hernán Thomas
Abstract.
O software livre nasceu, no começo dos anos 1980, como uma reação da comunidade acadêmica às práticas competitivas das empresas de software. Enquanto a produção de software esteve restrita ao circuito acadêmico (ou, depois do processo de comercialização, subordinada à venda de hardware), prevaleceram os valores universitários de colaboração. Havia, evidentemente, processos de competição, mas inscritos nos marcos da colaboração: a competição por prioridade da descoberta ou criação era consagrada pela publicação - o mais paradigmático ato de colaboração. Quando Richard Stallman se demitiu do Laboratório de Inteligência Artificial do MIT (quando?) e resolveu se dedicar ao projeto GNU, estava buscando restaurar as práticas de colaboração acadêmicas que havia conhecido e que tinham sido corroídas pelas práticas competitivas da ascendente indústria de software. No seu período "heróico", o software livre foi elaborado de maneira predominantemente voluntária por programadores ligados a centros de pesquisa ou empresas que se dedicavam de maneira "ativista" a um projeto considerado, então, "visionário". A conclusão do projeto de um sistema operacional completo, com a introdução do kernel do Linux, no início dos anos 1990, deu visibilidade ao agora sistema GNU-Linux e expandiu a base de usuários, inclusive um pequeno número de empresários inovadores ligados à rede de colaboradores iniciais do projeto. A estabilidade do sistema e a gratuidade do acesso atraíram cada vez mais colaboradores que, por meio da viralidade da licença GPL (General Public License), ficavam "encurralados" nos domínios do software livre. Como a GPL obrigava versões modificadas do software livre a adotarem a mesma licença, o apelo de um software de boa qualidade e baixo custo tinha como contrapartida que construções posteriores que o incorporassem teriam também que ser livres. Mas além da armadilha da licença viral, o software livre atraiu o mundo empresarial por seu próprio sucesso e desempenho. Ao ganhar prestígio como um sistema seguro e estável, de baixo custo, ele passou paulatinamente a ser utilizado por usuários e empresas ao longo dos anos 1990. Desde então, a produção do software livre vem sofrendo uma profunda transformação. Em 2007, a maior parte das linhas de código do Kernel do Linux já eram escritas por programadores empregados por empresas e grandes corporações como a IBM já faturavam mais com software livre do que com patentes. Como passamos do momento inicial em que se tratava ainda de um projeto "visionário" e político realizado por colaboradores voluntários para o momento atual em que o modelo do software livre tem grande impacto comercial e os programadores são contratados pelas maiores empresas de Tecnologia da Informação como a IBM, a Nokia e a HP? A proposta do paper é fazer uma leitura da história do Software livre a partir da teoria de Richard Nelson sobre o caráter evolucionário da competição intra-empresas baseada em inovação. Uma leitura evolucionária da interação comunidade-mercado permite entender como uma inovação originalmente extra-mercantil pode forçar a introdução de práticas colaborativas entre-firmas nas empresas de tecnologia.