Resumo: Artigo 36343
Crise econômica, reestruturação produtiva, desindustrialização e desemprego no Brasil dos anos 80 e 90.( 7, 8, 12, 17, 20, 69)
. Ricardo Vasconcelos, Universidade Tecnológica Federal do Paraná UTFPR, Brazil.
Apresentação: Thursday, May 29, 2008 3:45PM - 5:45PM sala 211 - UNIRIO VII ESOCITE - Sessão 19 - Chair: Carlos Guimaraes
Abstract.
Os anos 80 do século passado marcaram importantes mudanças políticas, econômicas e socais no Brasil. Tais mudanças estiveram intimamente associadas às transformações que também ocorreram no âmbito da sociedade capitalista em escala mundial, tais como: o triunfo do capitalismo em sua nova feição globalizante, a conquista da hegemonia neoliberal e as transformações produtivas e no mundo trabalho. Porém, a reestruturação produtiva ocorrida em nosso país também foi condicionada por fatores de dinâmica internas bastante particulares. Algumas dessas condicionantes foram de caráter econômico, especialmente a crise inflacionário-recessiva. Por conseguinte, identificar condicionantes ou fatores de ordem externa e interna que foram relevantes para o desencadeamento das mudanças produtivas ocorridas no Brasil da década de 1980 , pode contribuir para uma análise histórico-crítica daquele período, bem como, pode elucidar elementos que melhor expliquem a construção da hegemonia neoliberal e as transformações no mundo do trabalho que foram efetivadas mais especificamente na década de 1990. E quais mudanças estavam ocorrendo em âmbito mundial? A crise do sistema produtivo taylorista-fordista, o colapso do Estado Keynesiano nos EUA e países da Europa Ocidental e a construção da hegemonia do ideário neoliberal. Paralelo a este quadro, ocorreu ascensão do Japão como maior potência comercial - superando os EUA. Tal sistema japonês baseado no sucesso na estrutura produtiva e organizacional Toyotista torna-se modelo para o mundo capitalista, símbolo maior de produtividade e flexibilidade frente às novas e dinâmicas exigências do mercado mundial. No Brasil, o início dos anos 80 anunciou importantes mudanças. No âmbito sócio-político ocorreu o processo de redemocratização que culminou com a transição do regime militar para a Nova república. No âmbito econômico a herança deixada pela ditadura militar foi marcante: forte recessão econômica, aliada ao crescente desemprego e inflação, além do forte desequilíbrio da dívida interna e externa. A implantação da nova República em 1985 encerrou o ciclo de transição democrática pela cúpula a partir de uma aliança de setores liberais com dissidentes do regime militar. Após a morte de Tancredo e a conseqüente posse do vice-presidente José Sarney, o governo da Nova República se deparou com uma enorme contradição: Como retomar o crescimento econômico e eliminar a recessão sem ao mesmo tempo aumentar a espiral inflacionária? A solução encontrada foi a criação do Plano Cruzado. O fracasso deste Plano deu ensejo a outros planos: o Cruzado II, o Plano Verão e o Plano Collor. Todos eles tiveram em comum a implantação de métodos econômicos heterodoxos, ou seja, baseados no princípio de que o controle do processo inflacionário deveria ocorrer por meio de choques econômicos. Por conseguinte, conjectura-se que: fracasso deste plano e de outros indiretamente contribuiu para acelerar o processo de reestruturação produtiva em nosso país, pois, em virtude do quadro recessivo e inflacionário do final dos anos 80 muitas empresas tiveram que melhorar sua produtividade e aumentar sua competitividade como única alternativa de sobrevivência. Da mesma forma, o perfil do desemprego muda, pois, durante a década de 1980 o desemprego estava diretamente ligado ao processo recessivo, bem como, ao processo de instabilidade inflacionária. Já, na década de 1990, foi justamente o ajuste econômico ligado ao Plano Real que estabeleceu as bases para duas importantes mudanças no perfil do desemprego no Brasil. No que concerne especificamente ao processo de reestruturação produtiva no Brasil ocorreu de maneira efetiva no início da década de 1990. Caracterizada por maior difusão dos Programas de Qualidade Total e busca por maior competitividade e produtividade, maior processo de terceirização e precarização das condições de trabalho (menor nível de salário, de benefícios sociais, maior jornada de trabalho, maior negligência quanto ao uso de equipamentos de segurança ou cuidados em atividades e prevenções em insalubres). Evidencia-se, portanto, que durante a década de 1990, mais especificamente a partir de sua segunda metade, a implantação do Plano Real acelerou de forma decisiva o processo de desnacionalização e desindustrialização de nosso país e efetivamente, também contribuiu para estimular o processo de precarização do trabalho aumentando o fenômeno da inempregabilidade. PALAVRAS-CHAVES: Crise econômica reestruturação produtiva desindustrialização - desemprego