Resumo: Artigo 36216
Telemedicina: novos caminhos para os serviços de saúde (7; 8; 16; 46; 87; 101)
Kathia Correa, UFRJ, BrazilNilton Bahlis dos Santos, Fiocruz, BrazilEuclydes Arreguy, Instituto Nacional de Câncer, Brazil.
Apresentação: Thursday, May 29, 2008 1:15PM - 3:15PM sala 204 - UNIRIO VII ESOCITE - Sessão 2 - Chair: Rosa Pedro
Abstract.
Quando uma pessoa liga para "informações", para pedir um telefone do Rio, quem atende é um operador em Salvador. Diversas empresas americanas na Europa, como a Corel, Digital, Ericsson, Radisson, Oracle, UPS, foram instalados na Irlanda. O Stockley Park, perto do aeroporto de Heathrow, está distante, mas, para manter a velha idéia de centro seu prefixo telefônico é 0171 - igual ao do centro de Londres - e não 01784 que corresponderia à sua localização territorial. Foi uma exigência das incorporadoras para criar a impressão, em quem liga, que seus escritórios estão no centro daquela cidade. Como esta descontinuidade espaço-temporal criada pelas novas tecnologias impacta nos serviços de saúde? A utilização da Internet na área de Saúde e o surgimento da Telemedicina criam um espaço virtual onde se processam serviços de saúde, independente da localização das pessoas e máquinas nele envolvidas. Tal espaço não é extensão nem rebatimento dos espaços hospitalares e redes de saúde atuais. Os hospitais concentram um complexo de serviços inter-relacionados em um determinado espaço e escala, para que se tornem técnica e economicamente viáveis. Com as novas tecnologias de comunicação, essa aproximação física deixa de ser fundamental. A interação entre os serviços se torna viável independente de sua localização e a concentração perde progressivamente o sentido. As novas tecnologias trazem possibilidades novas de atendimento ao paciente como a robotização que permite operações à distância, e a produção de conhecimento através da troca de experiências entre técnicos de diferentes lugares e especializações. O usuário que reside em uma pequena cidade ou em um bairro afastado necessitará se deslocar cada vez menos para consultar um especialista. A Telemedicina traz a informação do profissional especializado até a região mais distante, diminuindo transtornos causados pela locomoção de pessoas que freqüentemente estão com a sua mobilidade reduzida. Uma mudança inevitável, a partir desta nova dinâmica, será a necessidade da reorganização do conjunto das práticas de atenção à saúde. E essas novas práticas levarão à reorganização e ao redimensionamento dos espaços e das tipologias dos estabelecimentos de saúde, o que tende a se refletir na arquitetura hospitalar. O hospital se estende além das suas paredes e com isso amplia e descentraliza o atendimento. Uma unidade hospitalar se interconecta cada vez mais com as outras e pode dispensar internamente serviços e espaços físicos que serão supridos pelas unidades parceiras. Isso muda a escala do Hospital, ao mesmo tempo em que, contando com equipamentos menores, automatizados, e com maior mobilidade, poderá ampliar a abrangência de seus serviços. Com a orientação remota dos especialistas, clínicas menores, postos avançados e anexos hospitalares ganharão importância. Isto permitirá colocar o foco na própria comunidade local, com atendimento domiciliar ou no ambiente de saúde. E será possível pensar a arquitetura dos espaços de saúde de forma humanizada, para estimular a personalização, a autonomia e o bem-estar do paciente, e, desta forma, colaborar com a sua cura. Essa humanização será mais eficaz quando o paciente criar mais intimidade com a equipe profissional e com o espaço construído. O que se espera dessa complexa redefinição do ambiente hospitalar é que ela proporcione ganho na qualidade dos serviços. Com estruturas mais flexíveis os hospitais terão condição de oferecer melhor atendimento, realizando a promoção da saúde orientada ao paciente, proporcionando condições para a eficácia do tratamento e para a diminuição da permanência do paciente no ambiente de saúde. O hospital muda a escala, desdobrando-se no espaço e ampliando a assistência.