Resumo: Artigo 36199
Da Validação por Intermediários à Validação Social (5, 10, 11, 46, 108 e 115)
Nilton Bahlis dos Santos, João Ximenes Brito, Fiocruz, Brazil.
Apresentação: Friday, May 30, 2008 3:45PM - 5:45PM sala 205 - UNIRIO VII ESOCITE - Sessão 30 - Chair: Márcia Moraes
Abstract.
Nos meios acadêmicos se diz que na Internet nunca se sabe o que é verdadeiro ou falso. Antes, o controle da informação ficava em poucas mãos, em geral de elites que validavam os saberes apresentados. A validação de intermediários vem desde o tempo dos Xamãs, das igrejas e nobreza com seus bruxos, favorecida pelo segredo dos que se avocavam o direito de validar. A Imprensa de certa forma democratizou a informação e a queima de livros e a Inquisição tentaram impedir o fim do segredo. Na sua inviabilidade, se reforçaram outros mecanismos de controle da Verdade e com a sociedade moderna a ciência pouco a pouco se afirmou como senhora da Verdade. Hoje quando se fala em validação, nos referimos a validação pela ciência, entre pares (intelectuais e corpos técnicos do aparato do Estado), por Bancas, leis e regras por eles criadas, ou simplesmente pela manutenção da autoridade do Doutor (o mais graduado ou o que tem o Poder). Na ciência clássica as objetividades (objetos) estão livres de limitações epistêmicas intrínsecas (subjetividades) e aparecem como realidades absolutas, auto-suficientes e completamente independentes da ação do sujeito epistêmico. Na ciência clássica o sujeito está separado do objeto. A verdade é definida como adequação à realidade e se acreditava que ela seria alcançável conjugando uma prova teórica - coerência do discurso - e uma prova empírica - adequação à realidade. No entanto, já se sabe que ambas provas são paradóxicas, porque auto-referentes: a teórica exige pensar o pensamento (questionada pelo princípio da incompletude de Goedel); a empírica exige medir a matéria com instrumentos feitos de matéria (contestada pela indeterminação de Heisenberg). Isto torna verdade científica a afirmação de que não podemos acessar à verdade. É, portanto, pelo menos temerário colocar corporações e intermediários como juizes que, por mais que professem isenção e até a intentem, tem interesses próprios que afetam seu julgamento como é sabido por nós. Ocorre que não tínhamos tecnologia para conceber outra possibilidade de validação. Vivíamos numa sociedade carente de informação e prevalecia a idéia de que era menos arriscado deixar o controle na mão destes intermediários que teriam mais condições, conhecimento e capacidade de julgar. Qualquer forma de validação social era inimaginável e tecnicamente inviável. A autoridade científica cumpria um papel de coesão da sociedade e, aparentemente, expressão de sua vontade. Mas para manter a autoridade uma das condições era o controle da informação, o que reproduzia o poder das elites intelectuais e técnicos. Com a Internet e a ampliação das possibilidades de acesso a informação as novas tecnologias abalam esta arquitetura e criam a possibilidade de novas formas de validação. Recentemente tecnologias chamadas de Web2, além de descentralizar a produção de conteúdo criaram ferramentas amigáveis para validar o que é publicado. A validação social é o grande diferencial da nova web, e todos seus grandes produtos partem da premissa que seu conteúdo é passível de avaliação pelos usuários confiando na sua participação massiva para definição da relevância do que é apresentado. O pressuposto é que os próprios usuários cuidam do que é "seu". Quem usa o Wikipedia não deixará informações falsas serem publicadas, pois se isso acontecer todos perdem. A validação é fundamental para descobrir o que é relevante na grande massa de conteúdo publicado. Mas ao contrário da validação tradicional, que define em termos absolutos o que é certo ou errado, verdade ou mentira, e desconsidera diferenças e minorias, a validação social tem formas diversas. Ao lado das tradicionais como dar nota a um conteúdo, elas oferecem outros índices de relevância como a audiência, o número de vezes que algo foi adicionado aos favoritos, de comentários gerados, ou outros. Critérios cada vez mais diversificados oferecerão ao usuário a possibilidade de usar a validação social a partir de suas necessidades particulares.