Resumo: Artigo 36165
Biodiversidade e diversidade cultural: empreendedorismo, ambiente e arte entre mulheres ceramistas fluminenses (10,16,38,117)
Fatima Branquinho, State University of Rio de Janeiro, BrazilJacqueline Santos, Universidade do estado do Rio de Janeiro, BrazilGiselle Maria, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Brazil.
Apresentação: Wednesday, May 29, 2008 1:15PM - 3:15PM sala 211 - UNIRIO VII ESOCITE - Sessão 39 - Chair: Luiz Otavio Ferreira
Abstract.
O objetivo da pesquisa desenvolvida é contribuir para a construção de informação sobre biodiversidade e diversidade cultural do estado do Rio de Janeiro, a partir da reunião de descrições interpretativas de fazeres e saberes próprios às mulheres ceramistas fluminenses visando educar ambientalmente e gerar emprego e renda de modo sustentável. Contudo, não adianta tentar formular qualquer questão sócioambiental se não estivermos dispostos a estabelecer diálogos entre diferentes sistemas de conhecimento, aprofundar o sentido de alguns conceitos velhos conhecidos e formular outros, ampliando nossa capacidade de explicar, compreender e de agir visando o equacionamento dessas questões. Como falar, por exemplo, da questão do lixo, da reciclagem de papel etc., sem discutir consumo, lucro, miséria? Por outro lado, como esperar que as pessoas se motivem para realizar ações contra a degradação ambiental sem discutir a dimensão do sentir que está presente no contato direto com o ambiente, com a natureza? Esta falta de aprofundamento do conhecimento sobre as redes de atores e de seus conhecimentos e sentimentos origina outra: a ausência de articulação de informações sobre suas sensações no contato com natureza e sobre suas vivências dos aspectos sócioambientais das regiões em que vivem. Tal ausência está na base do fracasso de propostas que pretendem dar conta de diferentes problemas e conflitos ambientais. Podemos dizer que a pesquisa em andamento é propedêutica à concepção de um modo de educar para o desenvolvimento sustentável. Sabemos que a educação ambiental pode assumir múltiplas bases epistemológicas (Oliveira, 2005), que se desenvolve em uma complexa teia de discursos, que movimenta interesses de filósofos, pesquisadores, funcionários, governantes, especialistas, cientistas, professores e militantes. Destes discursos nem sempre é fácil separar claramente os que representam as nações, os estados, os políticos e os que representam as nuvens, águas, a circulação atmosférica, as correntes marinhas, as florestas. Ao mesmo tempo, o ambiente articula-se como objeto científico, na busca de consenso entre os pesquisadores e como objeto político que se vale de inúmeros dados estatísticos para pôr em ação a comunidade planetária em uma rede sociotécnica. Afinal, como tais necessidades e interesses se articulam no sentido de possibilitar um modo eficiente de educar ambientalmente visando a sobrevivência da Terra, de nossa espécie e das demais? O sentido dado à presente pesquisa é o de educar ambientalmente a partir das ceramistas fluminenses. Tais modos de vida e trabalho são fortemente ligados à terra e à arte. A pesquisa em andamento é, assim, propedêutica à elaboração de uma proposta de educação ambiental porque a identificação, registro, documentação e análise desses saberes e fazeres contribui para a ampliação da consciência ambiental. A obtenção de um conjunto de informações sobre fazeres e saberes próprios às mulheres ceramistas é a principal noção norteadora da pesquisa proposta. O que mulheres artesãs fluminenses pensam sobre a natureza, sobre práticas de cura, sobre quem são, sobre sua origem e sobre as relações dessas questões com outras tantas de sua vida? No seu fazer, como consideram seus saberes sobre a natureza, sobre a terra, sobre a saúde, sobre a vida? Há dentre os grupos de mulheres artesãs identificados durante a pesquisa, àquelas que utilizam ervas medicinais ou outros elementos da natureza para a prevenção e cura de seus males? Há grupos de mulheres que tiveram contato ou informação sobre os rastros deixados por homens pré-históricos em nosso estado? Nessa pesquisa interessa-nos descrever o ponto de vista adotado por grupos de mulheres ceramistas fluminenses para responder tais perguntas a fim de construir uma proposta de arte-educação ambiental a partir desse saber.