Resumo: Artigo 36121
Precarização do trabalho e metabolismo do capital sob a intensificação da produção científica e tecnológica (7, 12, 16, 34, 69)
Domingos Leite Lima Filho, Universidade Tecnologica Federal do Paraná, Brazil.
Apresentação: Friday, May 30, 2008 3:45PM - 5:45PM sala 210 - UNIRIO VII ESOCITE - Sessão 8 - Chair: Germán Sánchez
Abstract.
Este artigo discute mudanças no processo de trabalho sob a ordem metabólica do capital na atualidade. A partir da intensificação da produção científica e tecnológica que caracteriza a atual fase das relações capitalistas de produção, no contexto da globalização, buscamos identificar condicionantes dos processos de precarização do trabalho e apontar horizontes, limites e possibilidades à sua possível superação. Consideramos que o conceito de divisão internacional do trabalho, analisado sob uma perspectiva histórica e conceitual, assume relevância explicativa como expressão histórica do grau de assimetria espacial e temporal característico do processo de trabalho e da utilização da força de trabalho sob a dinâmica funcional do capitalismo como sistema mundial centro-periferia integrado e hierarquizado. Nesse sentido, a atual globalização traz consigo um intenso movimento de precarização do trabalho. Este processo de reiteração de condições precárias e de degradação do processo de trabalho e dos trabalhadores é condição necessária à manutenção da ordem metabólica do capital, em seu movimento de auto-expansão e autovalorização, portanto, profundamente contraditório com aspirações civilizatórias emancipadoras. Nessa nova ordem mundial - marcada pela intensificação do desenvolvimento científico e tecnológico e de seu aporte nos processos produtivos - se configura uma peculiar divisão internacional do trabalho, que situa as nações e trabalhadores em posições diferenciadas em relação ao trabalho qualificado e trabalho precarizado, ambos situados nos limites e marcos específicos do trabalho abstrato e alienado sob as relações capitalistas de produção. Uma análise crítica da divisão internacional do trabalho sob a globalização permite identificar e caracterizar os condicionantes que conformam a existência hierarquizada e integrada de nações centrais e periféricas, a existência de nações, povos e classes sociais com maior desenvolvimento e acesso a bens e produtos resultantes do trabalho, da ciência e da tecnologia que outras nações, povos e classes sociais, submetidas à escassez de bens e produtos e a precariedade das condições de vida e trabalho. Nesse sentido, o desenvolvimento científico e tecnológico desigual e combinado expressa uma manifestação cristalina dessas múltiplas formas de dominação e precarização do trabalho, seja pelo desemprego ou pelos diversos mecanismos de exploração da força de trabalho. No entanto, ainda que o processo hegemônico das relações capitalistas se imponha e se mantenha, e com ele todas as relações de poder e de propriedade que lhe são características, as contradições não estão superadas, as resistências se estabelecem e a história não chega jamais a um ponto final. Que limites e possibilidades se apresentam para a resistência no sentido de movimentos anti-sistêmicos à ordem metabólica do capital? A resposta a tal questão não pode ser dada a partir de uma perspectiva meramente teórica, senão pelo enfrentamento das situações de exploração em cada nação e ambiente de trabalho, que evidentemente trazem consigo as questões locais e imediatas e as questões mais gerais das contradições da forma histórica vigente. A superação destas contradições e a construção de um horizonte social civilizador consiste, portanto, numa intervenção que se faz a partir dos marcos deste sistema, das condições e contradições pretéritas encontradas e, ao mesmo tempo, da necessidade de negá-las, no sentido da construção de uma sociedade igualitária, que considere que todo ser humano, independente de etnia, gênero, geração ou cultura, é possuidor de direitos inalienáveis à plena satisfação e fruição de suas necessidades de vida, o que inclui, dentre outras, o trabalho concreto e criador, a alimentação, a saúde, o lazer, a educação, a moradia e a produção e domínio da ciência e da tecnologia.