Resumo: Artigo 36109
Propagandas de aparelhos celulares divulgadas no Brasil no período de 1998 a 2007: aspectos sócio-culturais e estéticos (10, 28, 59)
C. Ghiraldelo, Instituto Tecnológico de Aeronáutica, Brazil.
Apresentação: Wednesday, May 28, 2008 1:15PM - 3:15PM sala 201 - UNIRIO VII ESOCITE - Sessão 48 - Chair: Márcia Regina Barros da Silva
Abstract.
Esta comunicação tem como objetivo a apresentação de análises de propagandas de aparelhos celulares divulgadas na revista semanal impressa "Veja", durante dez anos, de 1998 a 2007, em períodos intermitentes. Considerando que as peças publicitárias, ou anúncios, têm como objetivo principal levar o leitor possível consumidor a comprar o produto anunciado, elas não costumam polemizar os valores sócio-culturais da sociedade onde serão divulgadas. Ao contrário disso, as características sócio-culturais que circulam numa sociedade, numa dada época, costumam ser reforçadas nas propagandas. Isso ocorre não apenas porque os publicitários entendem que essa é a melhor maneira de levar o consumidor a comprar o produto, mas também porque, em geral, eles próprios fazem parte da sociedade na qual a propaganda foi construída e divulgada. Nesta pesquisa, na análise das propagandas, procurou-se detectar, num primeiro momento, quais são e como se manifestam os valores sócio-culturais e estéticos disseminados na sociedade brasileira por meio das propagandas. Num segundo momento, procurou-se detectar, por meio do cotejamento das propagandas do período selecionado para análise, se os valores identificados se alteraram e, se isso ocorreu, quais foram as mudanças. Ancorada teoricamente nos estudos de Michel Foucault, esta pesquisa mobiliza o conceito de formação discursiva tomada como o conjunto de regularidades enunciativas, ou regularidades de dizeres, sobre determinado tema ou determinada questão , a qual está ligada a determinadas formações ideológicas. O procedimento para análise foi considerar, numa primeira etapa, a superfície lingüística a parte verbal das propagandas , e numa segunda etapa, a parte não-verbal, as fotos e ilustrações, que comumente as compõem. Com a análise das propagandas, foi possível identificar qual é o imaginário de consumidores construído pelos fabricantes e como esse imaginário está atrelado às inovações tecnológicas dos aparelhos. A partir desse imaginário, foram identificados os valores sócio-culturais e estéticos, que emergem nas propagandas e como são disseminados. Foi possível detectar também como as propagandas fetichizam os aparelhos celulares, por meio da visível e óbvia transformação tecnológica dos aparelhos, que se deu com a inclusão de recursos distintos aos de comunicação, como as funções de fotografar, filmar, despertar, jogar, dentre outras, e a não tão óbvia, ou não tão percebida pelos consumidores, em geral, associação entre as marcas de aparelhos e as operadoras, prática comum nos últimos anos no setor.