Resumo: Artigo 35925
Política tecnológica e desenvolvimento geográfico desigual no Brasil (12, 53, 69, 85, 3, 114)
Ivo Theis, Renato Dagnino, Universidade Estadual de Campinas, Brazil.
Apresentação: Friday, May 30, 2008 1:15PM - 3:15PM sala 203 - UNIRIO VII ESOCITE - Sessão 38 - Chair: Sergio de Birchal
Abstract.
O tema do artigo são os aspectos relativos à territorialidade do desenvolvimento brasileiro a partir da tecnologia que o impulsiona. Trata-se de desvelar as relações entre as desigualdades sócio-espaciais, a dinâmica excludente do desenvolvimento periférico e as ações dos sujeitos/atores envolvidos com a política de ciência e tecnologia [C&T] no Brasil. O tema assim explicitado possui como um de seus pressupostos o fato de que o território é território utilizado, espaço de ação política dos sujeitos/atores que produzem e consomem tecnologia. Do ponto de vista espacial, o tema abarca o território brasileiro. Esse território se modifica ao longo do tempo, culminando num espaço heterogêneo, marcado por crescentes disparidades. Num primeiro momento pode-se entender o território brasileiro como um arquipélago: um subsistema que seria o arquipélago mecanizado, isto é, o conjunto de manchas ou pontos do território onde se realiza uma produção mecanizada. Depois, a própria circulação se mecaniza e a industrialização se manifesta. É somente num terceiro momento que esses pontos e manchas são ligados [...] criando-se as bases para uma integração do mercado e do território. Essa integração revela a heterogeneidade do espaço nacional e de certo modo a agrava, já que as disparidades regionais tendem [...] a tornar-se estruturais (Santos & Silveira, 2001, p. 31). Do ponto de vista temporal, o tema abarca o período pós-ditadura, com ênfase na fase mais recente, ou seja, do tempo que vai do governo Collor, segunda metade dos anos oitenta, até o primeiro governo Lula, segunda metade da década atual. A problemática mais geral pode ser expressa como segue: Como se relacionam desenvolvimento tecnológico, desenvolvimento econômico e desenvolvimento social? Como essa relação se manifesta no território brasileiro? A hipótese central pode ser expressa como segue: o desenvolvimento brasileiro recente é socialmente excludente e, assim, se manifesta no território. Com efeito, alguns espaços do território brasileiro desfrutam de condições médias de bem-estar material superiores a outras. Supõe-se que a dinâmica do desenvolvimento brasileiro recente, condicionada pela mobilização de recursos de C&T, pelas políticas de C&T e pela ação política de certos sujeitos/atores acentue as disparidades espaciais. O principal objetivo do artigo é examinar a relação entre desenvolvimento científico e tecnológico, desenvolvimento econômico e desenvolvimento social no Brasil no período recente. Este se apoiará sobre os seguintes objetivos específicos: (a) analisar os principais indicadores sociais do desenvolvimento brasileiro no período recente; (b) verificar como esses indicadores se manifestam no território; (c) identificar e examinar criticamente as políticas de C&T adotadas no Brasil no período recente; (d) analisar as ações dos sujeitos/atores que produzem e consomem tecnologia e informam as políticas adotadas, o processo de desenvolvimento socioeconômico e sua configuração geográfica. Defendendo que a condição periférica [...] não é um fato inexorável, natural, e sim o resultado de uma construção social que inclui não só uma egoideologia de um centro [inovador e difusor, gerador de teoria, criador de instituições], mas também uma alterideologia [alienada e coordenada, ortodoxamente aplicada, emuladora] de uma periferia (Dagnino & Thomas, 2001, p. 226), o artigo concluirá (a) criticando o processo de acumulação de capital que teve lugar no Brasil no passado recente fundado em políticas de C&T promotoras de desenvolvimento geográfico desigual e (b) indicando condições que conduzam à emergência de alternativas de desenvolvimento territorial sócio-tecnicamente adequado.