Resumo: Artigo 35830
Quão seguro é seguro o suficiente? Controvérsias científicas e a construção da idéia da segurança dos nanomedicamentos. (88, 90, 57, 50, 94)
Tade-Ane Amorim, UFSC, Brazil.
Apresentação: Thursday, May 29, 2008 1:15PM - 3:15PM sala 210 - UNIRIO VII ESOCITE - Sessão 24 - Chair: Maíra Baumgarten
Abstract.
Nós últimos anos, a nanomedicina vem sendo apontada como uma das grandes esperanças da medicina e uma das promessas de que as descobertas no campo da nanotecnologia promovam mais saúde e longevidade às pessoas. Esse novo campo científico pretende levar à medicina para escala molecular e, com isso, ampliar a capacidade de diagnosticar de doenças em seu estágio inicial. Pretende, ainda, tratar individualmente cada célula que apresenta algum tipo de disfunção e aperfeiçoar equipamentos médicos e cirúrgicos. O campo de pesquisa em nanomedicina está em franca expansão tanto em centros de pesquisas de universidades como em laboratórios farmacêuticos privados. Se as promessas são muitas, elas convivem com as incertezas sobre riscos a curto, médio e longo prazo do uso dessa nova tecnologia de escala nanométrica. O fato é que mesmo com mais de uma centena de nanomedicamentos patenteados e mais de milhares de produtos com requerimento de patentes, a diversidade de nanomedicamentos comercializados hoje é ainda pequena. De acordo com o centro de pesquisa Norte-Americano Wondrow Wilson Internacional Center for Scholars, há no mercado atualmente 19 nanomedicamentos comercializados em diferentes países. Desses, 11 são fármacos, 4 são testes para diagnósticos de doenças e 4 são equipamentos médicos. Alguns desses nanomedicamentos estão sendo comercializados no Brasil. Mas, como a questão de segurança e de risco está sendo percebida pelos pesquisadores que estudam a nanomedicina? Qual a percepção dos cientistas sobre risco e segurança no uso dos nanomedicamentos? Quais são as controvérsias científicas da nanomedicina? É certo que a nanomedicina provoca divergências científicas. Nessa apresentação discutiremos as controvérsias sobre a nanomedicina, sobretudo a percepção de risco e a construção da idéia dos nanomedicamentos como uma tecnologia segura. Para isso, analisaremos os artigos científicos publicados na revista da academia americana de nanomedicina Nanomedicine: Nanotechnology, Biology and Medicine (Nanomedicine: NBM). A revista é apresentada em seu editorial em seu sítio como (...) an international, peer-reviewed journal that delivers the latest advances in the innovative field of nano-scale medicine. The journal publishes articles on basic, diagnostic, experimental, clinical, engineering, pharmacologic and toxicologic nanomedicine. In addition, regular features address the commercialization of new technologies, ethics in the field, research funding, and other topics of interest to researchers and clinicians. A Nanomedice NBM é editada quadrimestralmente e teve seu início em março de 2005. A presente pesquisa foi realizada em 9 edições da revista, de março de 2005 a setembro de 2007. Tomando como ponto de partida o caso concreto da nanomedicina, pretende-se desenvolver uma reflexão a cerca da construção sobre a noção de segurança na ciência. Adotar-se-á a perspectiva teórica de Bruno Latour e Michel Callon denominada actor network theory (ANT). Para esses autores, um objeto da tecnociência ou uma teoria pode se tornar mais fato ou mais ficção, dependendo do número de aliados arrolados em sua rede, bem como a força das alianças estabelecidas entre os diferentes atores, tanto humanos como não humanos. Assim, a controvérsia científica não é encerrada a partir da prova de verdade ou da descoberta científica estar mais próxima da natureza, mas, ao contrário, a descoberta científica se torna mais verdadeira no momento que convencer mais aliados.