A PSICOLOGIA COMO SABER MESTIÇO:
O CRUZAMENTO MÚLTIPLO ENTRE PRÁTICAS SOCIAIS E CONCEITOS CIENTÍFICOS

 Arthur Arruda Leal Ferreira[1]

RESUMO

A meta desta comunicação é a utilização do trabalho do antropólogo das ciências Bruno Latour visando pensar de modo positivo o conjunto das psicologias em sua dispersão. Não será buscado o julgamento das psicologias em termos da sua cientificidade, mas o entendimento histórico das condições que conduzem a esta dispersão, justamente por parte de um saber que desde as suas origens julga-se científico. Para tal, serão expostos os principais conceitos de Latour nas principais fases de seus escritos, visando o diálogo com as psicologias. Conceitos como o de Constituição Moderna, fundada na tentativa de separação entre entes naturais e humanos, projeto este impossível, uma vez que multiplicador de seres híbridos. Dentre estes híbridos se encontrariam as psicologias enquanto múltiplas formas de conjugação de modelos científicos oriundos de outras ciências e práticas sociais historicamente constituídas.

Palavras-chave: antropologia das ciências; história da psicologia; modernidade

O que instiga este trabalho é o curioso espaço em que se distribui a psicologia enquanto saber. Estamos mais próximos da cartografia de um arquipélago, de uma confederação sem centro de sistemas, escolas, pequenas teorias e práticas dispersas do que do mapa geopolítico de uma nação-continente unificada por um projeto comum, como a chinesa, por exemplo. O que sustenta esta dispersão psicológica sob um mesmo nome? Em outras palavras, o que permite este funcionamento tão plural? Deve-se ressaltar que não se tratam aqui de divergências teóricas e metodológicas pontuais no interior de um mesmo projeto (como a discussão física sobre a natureza da luz, se esta é onda ou partícula), mas da própria definição do que é psicologia, da coabitação nesta de projetos antagônicos. Retomando uma metáfora geopolítica, é como se numa federação, cada estado pudesse se dar a sua própria representação de uma nação, desconsiderando qualquer controle político central, e em franca tensão com os demais. É isto o que ocorre na relação dos diversos projetos psicológicos com a psicologia. Algo muito semelhante ao desmembramento da antiga União Soviética ou da Iuguslávia, ao longo dos anos 1990, mas como se ainda permanecesse ainda o antigo nome comum, e cada estado buscasse se identificar com o suposto centro. O que conduz a psicologia a esta curiosa configuração epistêmica?

Simplificando ao extremo, duas leituras deste quadro se oferecem: a epistemológica, amparada pela história das ciências através de uma abordagem normativa; e as arqueológicas, genealógicas, políticas, etc., amparadas pela história no sentido mais amplo de sua diversidade, sem qualquer totalização ou justificação do status quo. O que diferencia as duas abordagens é a ausência no segundo grupo das idéias reguladoras de verdade e progresso. Com isto, o grupo epistemológico toma a dispersão da psicologia para condená-la por sua falta de cientificidade atual e sugerir a sua possível redenção utópica num futuro em que a prática científica seja melhor observada. O segundo grupo, mais além da epistemologia, põe o ideal de verdade entre parêntesis, descrevendo apenas as condições de possibilidade históricas deste saber, condenando-o no máximo por suas reificações históricas. Enquanto os epistemologos julgam o presente na esperança de redenção futura, os demais se dirgem a um certo passado, onde o que é atual pode ter lançado as suas raízes. 

O que podemos dizer sobre esta dupla orientação é que a psicologia não carece de uma abordagem científica; ela sofre por seu excesso dado as sucessivas importações de modelos oriundos das mais diversas ciências naturais. Esta utopia epistemológica não apenas não rende a pacificação da psicologia, como pelo contrário, amplia a sua dispersão, pois os modelos científicos e as orientações metodológicas importadas das ciências naturais para a psicologia são bem diversas. De mais a mais, esta aplicação do receituário científico não garante a verificação, ou ao menos a superação de um projeto psicológico em prol dos demais; apenas reforça a tensão no interior deste saber em que cada orientação se arma das provas que ela mesmo se dá contra as demais. Se a obediência a um decálogo epistemológico não garante a pacificação desta dispersão, resta compreendê-la, pondo entre parêntesis os ideais de verdade, progresso e unificação. Portanto, dentre as duas orientações gerais expostas, este trabalho se orientará para muito além das epistemologias, buscando a compreensão da dispersão psicológica através das condições de possibilidade desse saber, sem se ater a qualquer prejulgamento em prol da verdade científica. É aqui que o trabalho de Bruno Latour entra.

II. Bruno Latour: O Império do Centro

 Se quisermos mapear o trabalho de Latour encontramos ao menos duas ênfases temáticas destacáveis que se interpenetram, recorrem e se remetem, não havendo necessariamente uma sucessão cronológica, mas lógica[i]. Porém, de uma lógica indutiva de cunho nominalista, ao passar de uma reflexão local sobre a ciência para uma discussão geral sobre a modernidade e a uma atuação política. Seu trabalho inicialmente remete ao esforço de um antropólogo que ousa tomar um objeto até então interditado a este olhar: as práticas científicas. É desta forma que a ciência será abordada através de suas práticas laboratoriais concretas, sem nenhuma diferença essencial ou assimetria com relação a qualquer outro fenômeno social, enquadrável como senso comum. O segundo tema forte de seus escritos será um desdobramento das conseqüências históricas, políticas e filosóficas desta aposta inicial de sua pesquisa, trabalho iniciado por Irréductions (1984). A partir daí, abre-se um imenso leque de temas abordados que vai do estudo do projeto técnico para um novo metrô de Paris (1996) ao o multinaturalismo indígena (1998-C); da conferência de Kyoto sobre o clima mundial (1997-C), a mídia e a sociedade de espetáculo (1997-A); do corpo dos cientistas (1998-H) e o debate pela verdadeira ciência (1998-H), à etnopsicanálise (1998-G) e ao economicismo (1999). Costurando temas tão diversos, a não-separação entre ciência/cultura, passando de princípio metodológico (princípio de simetria amplo) a ontológico (os híbridos, a rede e os fe(i)tiches[ii]), chegando-se enfim à constatação do fracasso histórico do projeto moderno de cisão entre os dois domínios: o natural e o humano; o objetivo e o subjetivo.

Nesta dispersão temática e espacial, psicologia e psicanálise têm papel de coadjuvante, sendo não muitas as suas referências. Então, o que justificaria a presença de Latour como interlocutor nesta compreensão da diversidade da psicologia? Justamente por tratar das “condições de possibilidade” destas, contidas no projeto desta modernidade impossível, notadamente no seu projeto de cisão entre dois entes purificados: Ser Humano e Natureza, entes subjetivos e objetivos. Pode-se compreender a partir deste esquema o surgimento, o lugar e a impossibilidade das psicologias, ao juntarem o que a modernidade separou. Mas, o que ressalta em Latour não é apenas a descrição desta irrealizável constituição moderna, mas a revaloração do que escapava a esta segregação clara e distinta: começa-se a descortinar todo um império do centro, povoado de híbridos e fe(i)tiches (faitiches), seres mestiços, que, de acidentais na sua indefinição, passam a possuir primazia ontológica. Estes não são mais compreendidos como o segundo momento da indevida mistura de entes puros bem compartimentados e comportados, mas a linha mestra da rede de onde se busca purificar os entes extremos e secundários. Ainda que a cisão moderna esteja na base da tensão que anima a psicologia no seu esforço de reconhecimento epistemológico, ela possui como efeito colateral a multiplicação dos híbridos em novas possibilidades de combinação (entre modelos científicos e imagens ou conceitos de homem), este esforço se encontra sob ataque dos paladinos da modernidade em seu esforço de purificação: para os cientistas e epistemólogos ela estaria por demais impregnada de ideologia; para os cientistas políticos, ela buscaria naturalizar o que é da ordem da escolha. Pensar com Latour a partir de um caminho do centro pode abrir a possibilidade de reavaliar e re-significar o trabalho híbrido dos psicólogos, mesmo que estes busquem se identificar com os marcos modernos, posicionado-se ora como ciência natural, ora como ciência social. E isto, desde o seu suposto fundador, Wilhelm Wundt, que dividia o seu projeto entre uma Psicologia fisiológica (natural) e uma Psicologia dos Povos (social). A hibridação realizada pelos psicólogos, assim como pelos modernos em geral é um efeito indesejável de sua Constituição.

II.1. As etapas do pensamento de Latour

 Conforme já salientado, Latour possuiria dois temas marcantes em seu trabalho, sem que se processe uma relação de exclusão entre estes. Se em Foucault, pesquisador das descontinuidades, cada fase de seu pensamento cancela a anterior, sendo toda continuidade produto de uma ilusão retrospectiva, Latour, recusando a idéia de ruptura ou revolução (1994, pp. 66-81), prossegue de modo includente em seu trabalho. É deste modo que, em meados dos anos oitenta, Latour inicia o seu programa de pesquisa como uma microssociologia de laboratório. Sociologia, uma vez que se encontrava ligado às Ciências Sociais (e talvez ainda mais próximo da antropologia do que da sociologia), e não à epistemologia. Micro, uma vez que grandes conceitos explicativos como ideologia, sociedade, razão, infra-estrutura, espírito científico são descartados, dando lugar à investigação em torno das práticas concretas no laboratório. Trata-se de uma abordagem nominalista na antropologia da ciência. Nesta perspectiva, o motor da ciência[iii] não será buscado nem no sujeito, nem na mera observação empírica; ele será encontrado na fenomenotécnica, ou nas pequenas técnicas de inscrição presentes nos laboratórios, em conjunto com as alianças e os interesses suscitados por cada pesquisa. Todas as propriedades criativas do espírito científico, que eram atribuídas à infra-estrutura (Marx), aos neurônios (Changeux), ou às capacidades cognitivas (Piaget), passam, com Latour, a serem atributos das técnicas de inscrição, no seu poder de serem “móveis imutáveis”, uma vez que, através do uso das imagens, são possíveis comparações, variações de escala, recombinações, conservação de dados, convencimento, e, o mais importante: o estabelecimento de aliados através de seus interesses (Latour, 1984, p.19). Quanto a estes, eles se espalham por todo o tecido social (e não apenas científico), e são traduzidos através da negociação e do contrato entre os seus agentes (conferir Latour, 1992, p.153). Na ciência pois, não há nada em termos de razão ou ideologia, mas apenas técnicas de visão e interesses. Com isto as diferenças de escala entre micro e macro científico[iv], bem como a relação entre dentro e fora do laboratório[v], são relativizadas, uma vez que uma ciência bem sucedida em capturar interesses, como a microbiologia de Pasteur, é capaz de redefinir toda a sociedade em torno de seu invento[vi]. Prosseguindo no exemplo, o surgimento da vacina com Pasteur conduz a um novo conhecimento da sociedade via estatística, e permite uma guerra mundial (a Primeira Grande Guerra) limpa, sem infecção. Parafraseando Clausewitz, “a política é também prolongamento da ciência por outros meios” (Latour, 1992, p.167).

Conforme destacado, a relação da primeira temática do pensamento de Latour com a seguinte é de caráter mais lógico do que cronológico. Tanto que os ecos desta primeira temática podem ser encontrados em textos como: Give me a Laboratory and I Will Rise a World (1992), As Variedades do Científico (1997-B) e As muitas vantagens de ser cartesiano (1998-H). A segunda temática é includente em relação à primeira. Na verdade, trata-se de uma extrapolação das abordagens e resultados da antropologia nominalista para a história (a modernidade que não se cumpriu na missão de se separar o homem da natureza), a filosofia (uma ontologia dos seres híbridos ao longo das redes) e a política (a representação dos inumanos), operadas nos anos oitenta e noventa. A pesquisa empírica se completa na reflexão; não há, portanto, ruptura, mas ampliação de interesses. Tudo isto coroado com o princípio de simetria sugerido por David Bloor e ampliado por Michel Callon e o próprio Latour. Este princípio, aponta primeiro para uma não-diferença essencial entre verdade e erro, ou entre saber científico e não-científico. Neste formato mais simples, este princípio enunciado por Bloor se opõe ao da ruptura, enunciado pelo racionalismo científico de Bachelard e Canguilhem, que supõe um corte epistemológico, uma ruptura do discurso científico com relação ao senso comum. Para Bloor, não haveria diferença essencial entre vencedores e vencidos na batalha pela verdade; eles deveriam ser explicados pelo mesmo princípio, sendo necessário que se descreva o seu processo de separação. Apesar de aplainar as diferenças entre verdade e erro, Bloor teria fomentado outras assimetrias através de seu construtivismo, ao reduzir todas as diferenças no interior das ciências naturais a dispositivos sociais. Aqui seria processada uma assimetria tão marcante quanto a do naturalismo; nos dois casos, natureza e sociedade estariam sempre reduzidas a um dos termos.

            Neste sentido, torna-se necessário um segundo princípio de simetria mais forte (generalizado), que apague a separação moderna entre sociedade e natureza e seus respectivos reducionismos; só haveria uma socio-natureza (Latour, 1994, p.9; Latour e Callon, 1990, p.35). Se não há mais diferença essencial entre verdade-erro, ciência-não ciência, não procede mais qualquer posição de triunfo com relação aos pré-modernos e aos ditos primitivos[vii]. A mescla operada por estes entre natureza e sociedade, tida como equívoco, e objeto de exame do antropólogo e do historiador[viii], não nos separaria mais. De agora em diante o antropólogo salta o muro e penetra no domínio até então inexpugnável do epistemólogo. Para Latour, o fim do apartheid epistemológico se reforça ao se constatar que a tentativa moderna de purificação dos domínios natural e humano fracassa através de seu efeito colateral mais indesejável: a proliferação de híbridos, como, por exemplo, na dicussão política sobre a camada de ozônio, a clonagem e o clima (conferir Latour, 1997-C). Da mesma forma que a crítica antifetichista em prol da purificação de objetos e sujeitos no plano da teoria é o que permite a constante produção de fe(i)tiches (faitiches) na prática (conferir Latour 2002). Racham assim todos muros de Berlim que sustentavam nossos dualismos e assimetrias. Constatado este fracasso da constituição moderna, Latour propõe uma nova ontologia, um novo pensamento que coroe o princípio de simetria ampliado e a impossibilidade de cisão entre natureza e sociedade. Este novo pensamento não se produz mais a partir dos extremos purificados, como os desejados pela modernidade, que explicariam todos os demais seres compostos e imperfeitos. Pelo contrário, aplainadas todas as diferenças, os entes partem agora do centro, dos fe(i)tiches, dos híbridos, outrora tidos como acidentais, como misturas indevidas. É através destes quase-objetos, sem características de objetos naturais ou humanos, objetivas ou subjetivas, que se sai do debate entre realismo e construtivismo, definindo relações sociais não socializadas e relações naturais não naturalizadas (Latour, 1993, p.259).[ix] É a partir destes que se tenta a purificação impossível, que apenas produz novos híbridos através de novas combinações, realizando-se todo este processo através de redes. Se nas culturas ditas primitivas as duas série se sobrepõem, como no totemismo em que a série natural se retorce sobre a de parentesco, produzindo uma rede estável, na sociedade moderna, a tentativa de separação apenas abre o flanco para novas combinações até então inimagináveis, como as representações políticas dos seres naturais e uma ciência natural dos humanos. Onde, senão na modernidade seria possível uma representação política de seres naturais, como as conferências internacionais sobre o clima e o meio ambiente? Onde, senão na modernidade seria possível uma representação laboratorial e natural dos seres humanos, fabricando os seus eus e suas interioridades? Onde, senão no interior da modernidade, poderia ser pensado um saber natural sobre o ser humano? Onde, senão na modernidade, isto poderia causar mais escândalo?

II.2 – Latour e a psicologia: um diálogo quase não realizado[x]

 Ao longo da obra de Latour se encontram algumas poucas referências à psicologia: não se trata de um tema central. Contudo, em seu trabalho podemos encontrar interessantes sugestões sobre as possíveis fontes de dispersão do campo psicológico. O seu princípio de simetria ampliado (conferir Latour 1994, p. 93) e a consideração dos híbridos como o terceiro excluído da constituição moderna permitem compreender por que a psicologia, mesmo tentando se posicionar dentre os vencedores da verdade científica, foi constantemente relegada ao lugar dos vencidos. Outro aspecto que delega à psicologia este lugar é a gestão de um espaço de interioridades onde as crenças inadequadas e fetichistas são relegadas. Tomemos antes algumas amostras do raro discurso de Latour sobre a psicologia. Na primeira temática de seu trabalho, a psicologia entra no conjunto das referências que privilegiam grandes motores para se explicar a ciência como o espírito ou modos de raciocínio, contra os quais Latour opõe as simples técnicas de visão. Apesar da referência aos trabalhos de Luria e Leontiev sobre o silogismo, o alvo privilegiado é Piaget, sendo criticada especialmente a  autonomia das estruturas cognitivas reveladas através de seus testes. A base da crítica é o trabalho de Perret-Clermont (citada por Latour, 1985, p.8), que sustenta o desenraizamento do contexto material e social por parte das provas piagetianas. A simples modificação do contexto social modificaria uma estrutura em poucos minutos, “o que seria um defeito mortal para qualquer estrutura” (op.cit., p.8).

Na segunda fase de seu pensamento, em que o princípio de simetria ampliado destaca-se da microssociologia de laboratório, ele é reenviado para uma série de temas. Em um curioso artigo sobre o economicismo, Latour (1999) nos fornece uma interessante chave para se compreender a eficácia da psicologia na sustentação de sua diversidade. Pensando no fracasso da esquerda, comumente atribuído à politização da economia, Latour nos fornece a tese inversa: este se deveu sim à cientifização da política operada por Marx, transformando a economia em substrato da vida social. Contrário a este reducionismo, o que Latour sustenta é que a economia supostamente real é apenas uma fabricação da “ciência econômica”: “a economia como disciplina não ‘descreve’ o mercado auto-regulado, mas apenas o executa, isto é, o produz por imposição mais ou menos violenta daquilo que ele deve ser” (op.cit.)[xi]. De forma análoga, podemos pensar o suposto fracasso da psicologia não se deveria à politização (ou ideologização) do plano científico, como supõem os epistemólogos. Nem muito menos à naturalização do plano ético-político, como supõem os historiadores e cientistas sociais. Se podemos chamar de fracasso ou não o “efeito  psi” de se perseverarem várias psicologias, e não apenas uma, a sua derradeira conseqüência é a produção de vários “eus fabricados artificialmente” (1998-G), do mesmo modo com que a economia gera e regula mercado em seu funcionamento esperado. Contudo, é necessário que se pensem as estranhas condições de surgimento deste hibridismo psicológico, produtor de “naturezas humanas” tão diversas. Antes de se buscar algumas pistas históricas no próprio trabalho de Latour, resta à psicologia uma alternativa de resto análoga à esquerda em seu fracasso: se a saída para esta se encontraria na recusa do economicismo, para a psicologia uma via possível estaria na superação dos criticismos humanistas e naturalistas que gravitam em seu entorno como pólos tensionadores desde a sua origem. A psicologia poderia legitimar o seu estatuto derradeiramente híbrido, num devir antropofágico, devorando contribuições das ciências sociais e naturais, miscigenando-as numa representação natural dos humanos e numa representação social dos entes naturais.

Uma outra referência interessante é o relato do debate ocorrido entre Elizabeth Roudinesco e Thobie Nathan em torno da obra de Georges Devereux, criador da etnopsiquiatria (1998-G). A simetria/assimetria posta em questão diz respeito à relação entre a psicanálise e as práticas curativas de outras culturas. Para Roudinesco, o projeto de Devereux seria o de apenas acrescentar aspectos culturais, ligados às crenças locais ao inconsciente enquanto um universal transcultural. Para Nathan, em pleno exercício do princípio de simetria, o inconsciente nada teria de universal; seria apenas um dos invisíveis como tantos outros de outras tantas culturas. E com algumas desvantagens: a de ser completamente inconsciente, ou seja ser invisível, secreto, e incapaz de ser aludido por um ritual ou por um grupo organizado de pacientes. Outro problema é a sua suposta universalidade, e a pureza metodológica conseqüentemente envolvida em sua abordagem, afastando-se das técnicas tradicionais de cura baseadas em processos de influência, fabricação e manipulação de artifícios[xii]. Para Latour, o que se encontra em questão é a confiança nas práticas terapêuticas diversas ligadas à fabricação dos  indivíduos, em contraposição ao projeto universalista, tipicamente francês, de absorção da alteridade cultural à menoridade das crenças, em oposição à verdade das ciências. E para os universalistas, nada haveria de mais assustador do que “eus fabricados artificialmente e publicamente no lugar do antigo projeto de emancipação dos sujeitos enfim libertos de suas correntes, por meio do conhecimento daquilo que os determina” (Latour, 1998-G). Enfim, o velho projeto iluminista...

Ainda tendo como contraponto o trabalho de Nathan, Latour (2002) contrapõe o saber psicológico às práticas despsicologizantes deste etnopsiquiatra. A psicologia operaria de modo simétrico ao da epistemologia, operando como uma bomba de sucção dos fe(i)tiches no plano subjetivo. Posto que, se no plano objetivo, a epistemologia busca os fatos objetivos das crenças, estas passam a ser delegadas a um plano subjetivo de interioridade, seara da psicologia[xiii]. A psicologia nada mais faria do que o “serviço sujo”, o trabalho de dar sentido ao que a epistemologia excluiu criticamente dos nossos fe(i)tiches cotidianos. Nas palavras de Canguilhem (1972, p. 119 ), a tarefa da psicologia seria a de fornecer uma desculpa do espírito perante a razão. A tarefa inicial da psicologia seria a de se tornar uma ciência objetiva dos erros da nossa subjetividade, buscando a verdade de nossos erros. Mesmo em nome de uma verdade triunfante, nada mais híbrido.

Antes de se indagar sobre a origem do hibridismo psicológico, cabe uma observação: apesar de Latour pouco tratar da psicologia especificamente, um espaço maior de reflexão é concedido às ciências humanas, uma vez que ele entende que há por parte destas um esforço geral de diferenciação das ciências naturais, através da hermenêutica, num verdadeiro Pacto de Yalta da Ciência (Latour, 1991, pp. 5-6). Diferenciação considerada por este autor como equivocada, uma vez que mesmo na ciência mais dura a hermenêutica se encontra presente através da atribuição da significação experimental a qualquer evento estudado. Contudo, esta busca de diferenciação criticada por Latour parece dizer mais respeito às ciências socias e à história do que à psicologia. Nesta se encontra uma fuga predominante em direção aos modelos naturalistas, com algumas exceções: a  psicologia dos povos de Wundt (um fóssil na história da psicologia), a psicologia histórica de Meyerson e Vernant, as psicologias humanistas, existencialistas e fenomenológicas, a psicologia histórico-dialética da escola russa de Vigotsky e Luria (que ainda assim teria um componente naturalista, próprio da dialética marxista). Mesmo a psicologia social, como área de pesquisa, pouco teria de social, uma vez que fermentada em solo norte-americano através dos psicólogos gestaltistas alemães impregnados de modelos fisicalistas, como o da teoria de campo eletromagnético.

O problema, bem colocado por Gréco (1970), é que a psicologia deseja fazer ciência daquilo que escapa à própria ciência, do que é posto entre parênteses no ato científico: a ação, as representações, os desejos humanos. Promove-se uma nova mistura do que havia sido bem segregado na modernidade: objetiva-se (naturaliza-se) o sujeito e subjetiviza-se o objeto científico. Psicologia se torna uma palavra inconciliável, em que para haver logos, é necessário se excluir a psiqué, e para se considerar esta, é impossível a mediação do logos. Contudo, esta hibridação nada tem a ver com o monismo estático dos pré-modernos e dos ditos primitivos; para que esta nova mistura ocorra é necessário que a busca de purificação moderna tenha se processado e se ampliado ao ponto de que cada um dos domínios segregados lance suas redes na direção do seu oposto. No caso da psicologia, trata-se da ampliação do domínio científico na direção daquilo de que ele havia se segregado (as qualidades secundárias, ou as nossas representações mentais equivocadas, as crenças e a nossa interioridade), ao mesmo tempo em que a política e a administração passam a buscar substratos científicos na sua disseminação. Portanto, ao contrário da hibridação pré-moderna fixa e estática, a miscigenação operada pela psicologia é dinâmica e plural, combinando diversos conceitos científicos às mais diversas práticas sociais e imagens do sujeito na fabricação de eus, de fe(i)tiches (faitiches) tecnosubjetivos. A psicologia seria exemplar enquanto efeito colateral inesperado pelos paladinos dos entes puros em expansão: o encontro nesta região central de miscigenação plural, onde os híbridos se multiplicam ao infinito. Um efeito contrário às intenções puristas também dos diversos fundadores da psicologia, e que se radicaliza a cada nova refundação e tentativa de purificação por parte deste saber. Daí também decorre o fato da psicologia ser constantemente atacada pelos críticos puristas, estrangeiros para além das fronteiras dessa região central: para os epistemólogos, ela seria demasiado política e plural; para os críticos sociais, má política e por demais naturalista. Críticas que por sua vez instigam novas tentativas de fundações purificadoras, e por conguinte o surgimento de mais e mais híbridos. Hibridação que já havia sido denunciada por Foucault em As Palavras e as Coisas (1966), como parte do círculo antropológico. Poderia ser igualmente dito: círculo naturalizante.

Contudo, é notável o curto-circuito que a psicologia opera entre práticas sociais, conceitos científicos e modos de subjetivação. Latour ao longo de sua obra toma como exemplos privilegiados de hibridação a representação social dos seres naturais: partidos verdes, concílios sobre o clima e o meio ambiente. Mas e a representação laboratorial e natural dos seres humanos operada pela psicologia? E as tentativas de acoplar uma imagem de homem em um conceito científico, como operam as diversas orientações psicológicas? Na psicologia, os principais conceitos nada mais seriam que capturas realizadas sobre conceitos das ciências naturais, os quais passam a atuar como conceitos antropológicos, imagens de homem. É assim que o homem é visto como um ser inteligente flexibilizado pelos potenciais de equilíbrio das formas segundo o gestaltismo; o homem é entendido como um ser maleável, gestado pelo meio, graças à força dos operantes segundo o behaviorismo; o homem é compreendido como um ser desejante, marcado pela impossibilidade de equilíbrio energético dentro do ciclo pulsional, segundo a psicanálise. A psicologia é portanto um espaço forte de mestiçagem, onde operadores científicos das ciências naturais se fundem a conceitos antropológicos, reificando certas práticas sociais: as técnicas de controle de erros e toda a pesquisa da experiência imediata que culmina no gestaltismo; a tentativa de disciplina das atividades humanas na educação e no trabalho, que funda o solo do behaviorismo; as práticas de confissão e o esforço de desvelar as fontes dos nossos desejos e de nossas mais íntimas verdades, que inaugura a própria possibilidade da psicanálise.

Para que esta representação natural dos seres humanos? Qual seria o papel desses operadores das ciências naturais nesta “intrusão” no domínio humano? Esta mistura com as práticas sociais e conceitos antropológicos serviria, antes de tudo na produção de individualidades, subjetividades e verdades interiores. Estes conceitos e operadores naturais forneceriam um transcendental a partir do qual gravitaria a nossa experiência: boas formas, sensações, invariantes funcionais, módulos informacionais, pulsões e operantes, constituindo os fundamentos empírico-transcendentais de nossas subjetividades. Além de determinar uma norma e uma determinação natural para a nossa liberdade. Poderíamos ver aqui conforme Latour (2002, capítulo III) mais um fetiche produzido pela crítica moderna, o da nossa autonomia enquanto atores humanos livres e o da nossa determinação a partir de constrangimentos naturais. É neste sentido que se pode dizer que na psicologia não se hibridiza apenas homem e natureza, mas na sua seqüência uma subjetividade cindida entre um domínio empírico e outro transcendental (desde Kant seguramente), e uma forma de individualização autonomizante e outra controladora. Gestando sujeitos, indivíduos e interioridades. Nestes termos, a psicologia talvez nada produza de novo, mas possui, contrária à sua vontade, uma função de ligação e mistura digna do deus Hermes. Seria um efeito semelhante ao buscado por Latour (2001) no programa dos “Estudos científicos”, somente que involuntário. Por que não efetivar este efeito colateral concreto em norma, recusando a norma ideal de purificação impossível (trata-se de um importante catalizador de hibridações), tomando-se a interdisciplinaridade, a mestiçagem, antropofagia e a hibridação como signos fortes para este saber?  A psicologia não seria nem moderna, nem pré-moderna, nem mesmo pós-moderna (que nada mais seria que o sentimento de desencanto e impossibilidade mediante o fracasso moderno), mas nas palavras de Latour: simplesmente a-moderna na sua prática. Aqui a necessidade imperativa de uma pragmática forte que dê conta da fabricação de sujeitos híbridos.



[1] Doutor em Psicologia Clínica pela PUC de São Paulo e Professor Adjunto do Instituto de Psicologia da UFRJ. Correspondências para Rua do Riachuelo 169/405; Centro - Rio de Janeiro – RJ; CEP 20230-000. E-mail: arleal@antares.com.br/ telefone: 2252-1589. Pesquisador financiado pela FAPERJ e FUJB.


[i]  Esta ordenação dos trabalhos de Latour vigora até as mais novas reflexões sobre política, direito e religião que surgem mais ou menos a partir do terceiro milênio.

[ii] Fe(i)tiches é uma tradução para o jogo de palavras faitiches, algo que é fato e fetiche ao mesmo tempo; real ao mesmo tempo que produzido por nós. Um modo de existência que incluiria os objetos científicos e os sujeitos (livres e produzidos ao mesmo tempo), que os irmanaria aos fetiches produzidos pelos primitivos.

[iii] Latour (1997-B) assim relaciona os usos do termo científico: 1) na suposição de que não há mais nada a ser  discutido; 2) na presença de novas entidades como parte do discurso; 3) no sentido logístico, referindo-se ao conjunto dos recursos técnicos disponíveis. Contudo, em vários outros textos, Latour (1998-F e 1998-I) destaca o multinaturalismo, ou a pluralidade das ciências naturais, propriedade imaginada como exclusiva das “humanidades”.

[iv] Para Latour, não há diferença de escala entre o laboratório e a sociedade. Esta é sempre modificada em função das alavancagens produzidas nos laboratórios. Conferir Latour, 1992, p.155.

[v] O jogo de interesses em negociação faz com que constantemente o limite entre dentro e fora do laboratório se desloque: “Não existe lado de fora da ciência, mas existem redes compridas e estreitas que tornam possível a circulação de fatos científicos” (Latour, 1992, p. 167), que “são como trens e não circulam fora dos trilhos”(op.cit, p.156).

[vi]  “Mas será ‘toda a França’ uma construção social? Claro que sim; é uma construção produzida pelas instituições que reúnem estatísticas” (Latour, 1992, p.154). Aqui, uma grande semelhança com o que Foucault definiu como o biopoder.

[vii]  Busca-se uma antropologia a-moderna, que não oponha o monismo dos primitivos (sem separação entre sociedade e natureza) ao nosso dualismo civilizado, recoberto pela oposição entre erro e verdade, que somente nós modernos podemos atingir (Latour, 1994, p.91, 98-99). Para além de todos relativismos (culturais) e universalismos (naturais), Latour (op. cit., p.111) sugere o relativismo relativista, enfatizando o por-se em relação entre as culturas, sem que se interponha entre elas qualquer medida que não seja produto de uma mediação construída.

[viii] É curioso assinalar como estas duas assimetrias (verdade/erro &  natureza/sociedade) são tão simétricas, posto que, se a verdade é produzida pelas ciências naturais e estudada pela epistemologia e história das ciências, o erro seria o alvo das ciências humanas e socias: “O erro podia ser explicado socialmente, mas a verdade continuava a ser sua própria explicação”(Latour, 1994, pp.91-92). Mesmo quando as ciências sociais e humanas se devotam a estudar aspectos de nossa sociedade ocidental moderna, trata-se justamente do que escapa à perspectiva vencedora, e se reúne sob a marca de senso comum, ideologia ou crença. Esta postura é consoante à primeira hipótese foucaultiana sobre a gênese da psicologia (erguida a partir da negatividade das nossas práticas sociais) presente em A História da Loucura (1961), e discutida na tese de Moraes (1998).

[ix]  A teoria do ator-rede é a que visa dar conta destes híbridos quase-objetais, e possuiria esta designação, uma vez que embaralha aspectos subjetivos e objetais. Em homenagem a Deleuze também é designada como Atuante/Rizoma, “porque é uma ontologia, e é sobre atores-atuantes, e sobre rizomas [...] ‘Rizoma’ é uma palavra perfeita para rede”(Latour, 1993, p. 261). Para Kastrup (1997, p.38), a  rede seria a versão empírica do rizoma.  

[x]  Somente para contraditar  o título da seção, existem no Programa de Psicologia Clínica da PUC de São Paulo duas teses de doutorado que tentam lançar esta ponte: a de Virgínia Kastrup (1997), e a de Marcia Moraes (1998), apesar de possuírem objetivos diversos do que aqui se apresenta neste texto.

[xi] A alternativa para a esquerda segundo Latour poderia ser encontrada em outro Karl, não mais Marx, mas Polanyi, ao combater o economicismo que reúne tanto marxistas quanto liberais. Daí o vaticínio paralelo ao de Foucault em relação a Deleuze: “Se este século foi tão freqüentemente marxista, o próximo será talvez polanyista” (Latour, 1999).

10 Encontramos aí a velha questão da hipnose e da sugestão, da qual a psicanálise busca se destacar desde a sua invenção. Conforme visto, para Stengers (1992), uma psicanálise derradeiramente científica deveria tomar o risco de se lançar na direção daquilo que segregou desde a sua produção.

11 Tese desenvolvida especialmente em Latour (2002, capítulo IX). Mas que encontra ressonâncias na Metablética de Van den Berg (1965, capítulo II).

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